«Havia algo no teu olhar, na maneira como fixaste o horizonte, desconhecendo a minha presença. Parecias satisfeito com o elogio que havia feito, ainda que não conseguisses determinar a sua origem; mas isso não te impediu de sorrir, de maneira nenhuma. No entanto, não demorou muito até que acabasse por ver que a minha sinceridade me havia condenado a uma quase eterna dúvida e insegurança que me iriam toldar o sono e o pensamento. Recordo as palavras que, despreocupadamente, pronunciaste e que, desde então, me assombram e magoam, abrindo mais e mais uma ferida que gostava de ter fechado. Não o fizeste com essa intenção, antes pelo contrário; querias fazer-me sorrir, tal como eu fizera. Mas o tempo molda as emoções e a mente, e o que eu era já não o é.»
Este texto não é destinado a ninguém em particular. Foi um improviso, por assim dizer.
«E quando acordam sozinhos, envoltos numa torrente de lençóis, cobertores, conforto e saudade, percebem que não passou de um sonho. Que quem domina o vosso subconsciente e vos assalta os pensamentos durante o dia continua longe. Longe do toque, longe do olhar. E isso dói.»